Dentro do eixo proposto para o ENEM: A industrialização, urbanização e as transformações sociais e trabalhistas.
Uma breve exposição sobre o processo de industrialização no Brasil:
1- Primeiro período (1500 - 1808): de "proibição"
Nesta época se fazia restrição ao desenvolvimento de atividades industriais no Brasil. Apenas uma pequena indústria para consumo interno era permitida, devido às distâncias entre a metrópole e a colônia. Eram, principalmente, de fiação, calçados, vasilhames. Na segunda metade do século XVIII algumas indústrias começaram a crescer, como a do mármore e a têxtil.
2- Segundo período (1808-1930): implantação
Em 1808 chegando ao Brasil a família real portuguesa, D. João VI revogou o alvará, abriu os portos ao comércio exterior e fixou taxa de 24% para produtos importados, exceto para os portugueses que foram taxados em 16%. Em 1828 foi renovado o protecionismo econômico cobrando-se uma taxa de 16% sobre os produtos estrangeiros, agora para todos os países, sem exceção. Porém essa taxa era ainda insuficiente para promover algum desenvolvimento industrial no País.
Em 1844 o então Ministro da Fazenda, Manuel Alvez Branco decretou uma lei (Lei Alves Branco) que ampliava as taxas de importação para 20% sobre produtos sem similar nacional e 60% sobre aqueles com similar nacional. Assim, algumas atividades industriais do país foram protegidas. Mas nem esses incentivos foram suficientes para alavancar o desenvolvimento industrial. A escravidão ainda estava presente. Faltavam trabalhadores livres e assalariados para constituir a base do mercado consumidor. Além disso, as elites enriquecidas pelo café ainda não estavam dispostas a investir na indústria.
Em 1850 é assinada a Lei Eusébio de Queiróz proibindo o tráfico intercontinental de escravos. Os capitais que eram aplicados na compra de escravos ficaram disponíveis e foram aplicados no setor industrial. A cafeicultura, que estava em pleno desenvolvimento, necessitava de mão de obra. Isso estimulou a entrada de um número considerável de imigrantes, que trouxeram novas técnicas de produção de manufaturados e se aperfeiçou as relações entre capital-trabalho no Brasil. Na década de 1880 ocorreu o primeiro surto industrial quando a quantidade de estabelecimentos passou de 200, em 1881, para 600, em 1889. Esse primeiro momento de crescimento industrial inaugurou o processo de substituição de importações.
Em 1907 foi realizado o 1° censo industrial do Brasil, indicando a existência de pouco mais de 3.000 empresas. O 2° censo, em 1920, mostrava a existência de mais de 13.000 empresas, caracterizando um novo grande crescimento industrial nesse período, principalmente durante a 1ª Guerra Mundial quando surgiram quase 6.000 empresas. Predominava a indústria de bens de consumo que já abastecia boa parte do mercado interno. O setor alimentício cresceu bastante, principalmente exportação de carne, ultrapassando o setor têxtil. A economia do país continuava, no entanto, dependente do setor agroexportador, especialmente o café, que respondia por aproximadamente 70% das exportações brasileiras.
Além deste contexto histórico referente ao processo de formação de um parque industrial no Brasil, temos que atentar para fatores que contribuíram para o fomento dos movimentos operários do início do século XX, tais como:
-Influencias do século XIX: positivismo, darwinismo social, cientificismo, abolicionismo e ideais socialistas.
-Modelo econômico baseado agora na imigração.
-Mão de obra barata, ausência de direitos trabalhistas e más condições de trabalho.
Este pequeno trecho realizado para a mini-série "Anarquistas graças a Deus", adaptado da obra homônima de Zélia Gatai tem como objetivo fornecer um contexto em que o movimento anarquista se insere no Brasil, com a chegada dos imigrates e por meio do processo de industrialização.
MOVIMENTO ANARQUISTA
- Precursores: Proudhon e Bakunin: O primeiro a se auto-intitular anarquista e a defender claramente uma visão mais socialista, foi Joseph Proudhon, seguido por Bakunin, que levou e elaborou as ideias daquele à primeira Associação Internacional de Trabalhadores (AIT).
Segundo Edgar Rodrigues: O movimento anarquista não é exclusivamente uma organização de operários para operários, é ação de indivíduos que se opõem e dão combate ao capitalismo, almejando a derrocada do Estado e a reconstrução de uma Nova Ordem Social, descentralizada horizontalmente, autogestionária. Não é a revolta dos estômagos, é a revolução das consciências! O Movimento Anarquista não se firma na luta de classes ou pretende instalar os governados no lugar dos governantes, seus fins são de acabar com as classes, tornar o homem irmão do homem, independente de cor, idade ou sexo. Não visualiza a igualdade metafísica ou de tamanho, força, necessidades, quer a igualdade de possibilidades, de direito e deveres para todos. (In: Universo Ácrata Florianópolis: Editora Insular, 1999).
Bases do Anarquismo:
-Repudiavam toda forma de Estado, religião, organizações políticas.
-Liberdade de expressão, greves, boicotes e sabotagens.
-Individualismo – cada pessoa faz seu próprio destino e conduz sua própria história. Divergências com o socialismo marxista e o liberalismo, apesar de enaltecer as liberdades individuais
Influências no Brasil
-Anarco-sindicalismo no Brasil – uma forma peculiar brasileira - mov. Anarquistas ligados aos sindicatos
A Greve geral de 1917 em São Paulo acabou por se configurar em um dos movimentos mais significativos de cunho operário com influencias anarquistas do Brasil.
Durante uma semana praticamente toda a indústria paulistana parou e mais de 20.000 operários foram asa ruas protestarem contra as más condições de trabalho, as jornadas diárias de até 15 horas, o trabalho de crianças e de mulheres desregulamentados, o aumento do custo de vida e outras pendências.
Para: LOPREATO (1997) falando especificamente sobre o desenrolar da greve de 1917:
Imagens da greve de 1917 em São Paulo
Fonte: http://fsmemoriasindical.blogspot.com/2010/10/90-anos-da-greve-de-1917-do-anarquismo.html
Durante uma semana praticamente toda a indústria paulistana parou e mais de 20.000 operários foram asa ruas protestarem contra as más condições de trabalho, as jornadas diárias de até 15 horas, o trabalho de crianças e de mulheres desregulamentados, o aumento do custo de vida e outras pendências.
Matéria publicada no jornal A Gazeta sobre o acontecimento em julho de 1917.
Para: LOPREATO (1997) falando especificamente sobre o desenrolar da greve de 1917:
“Após as discussões, os representantes do poder público assumiram o compromisso de libertar os indivíduos presos por participação na greve, reconhecer o direito de associação e de reunião, desde que exercido dentro da lei e da ordem pública e de envidar esforços para impedir a alta desenfreada dos preços bem como a adulteração e a falsificação dos gêneros alimentícios. Quanto ás reivindicações relativas ao trabalho dos menores e de mulheres, o Governo se comprometeu a fazer cumprir as disposições da lei que regulamentava o trabalho nas fábricas e a estudar medidas para impedir a ocupação de mulheres e de menores de dez anos em trabalhos noturnos. (p. 50)”
Assim, conseguiram diversos avanços trabalhistas, apesar da repressão policial e os desacordos com os patrões. Foram de suma importância para a formação de uma cultura de reivindicações dos operários e de uma mudança de paradigmas nas relações capital x trabalho e de patrões x empregados.
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Glossário:
1-Protecionismo, etimologia – do francês protectionnism. Sistema em que confere o monopólio do mercado interno à indústria nacional.
2- manufaturado - Produto proveniente de um grande estabelecimento industrial, fábrica.
3- bens de consumo - É um produto que se destina a satisfazer às necessidades de consumo de um individuo. Divide-se em: bens duráveis, não duráveis e serviços.
4- po.si.ti.vis.mo, etimologia -do francês positivisme (Filosofia) conjunto de correntes da filosofia da ciência que se caracterizam sobretudo pelo cientificismo, pela forte recusa da metafísica e pelo empirismo, sendo-lhes próprio a ênfase do papel da verificação e da observação na ciência e a rejeição da existência das entidades teóricas ou não observáveis.
5- Pierre-Joseph Proudhon (1809 -1865) foi um filósofo político e econômico francês, foi membro do Parlamento Francês. É considerado um dos mais influentes teóricos e escritores do anarquismo, sendo também o primeiro a se auto-proclamar anarquista, até então um termo considerado pejorativo entre os revolucionários.
6- Mikhail Aleksandrovitch Bakunin (1814 -1876), também aportuguesado de Bakunine ou Bakúnine, foi um teórico político russo, um dos principais expoentes do anarquismo em meados do século XIX. Suas principais obras:
Die Reaktion in Deutschland (A Reação na Alemanha) – 1842 .
O Império Knuto-Germânico e a Revolução Social - 1871.
A Comuna de Paris e a Noção de Estado - 1871.
Federalismo, Socialismo e Antiteologia – 1872.
Staat und Anarchie (Estado e Anarquia) – 1873.
Deus e o Estado – 188.
Conceitos:
1. Darwinismo social: é a tentativa de se aplicar o darwinismo nas sociedades humanas. O termo foi popularizado em 1944 pelo historiador americano Richard Hofstadter. O darwinismo social tem origem na teoria da seleção natural de Charles Darwin, que explica a diversidade de espécies de seres vivos através do processo evolução. O sucesso da teoria da evolução motivou o surgimento de correntes nas ciências sociais baseadas na tese da sobrevivência do mais adaptado, da importância de um controle sobre a demografia humana.
2. Cientificismo : ou cientismo é a doutrina dos que consideram os conhecimentos científicos como definitivos. Tem a razão como base e pode ser tomado como uma doutrina semelhante ao racionalismo. O Cientismo pode ser resumido na seguinte afirmação: "Tudo é explicado pela Ciência".
3. Abolicionismo : pode ser definido como um movimento político e social que defendeu e lutou pelo fim da escravidão no Brasil, na segunda metade do século XIX. O abolicionismo contou com participação de vários segmentos sociais como, por exemplo, políticos, advogados, médicos, jornalistas, artistas, estudantes, etc.
Fontes: http://www.suapesquisa.com/o_que_e/abolicionismo.htm http://pt.wikipedia.org
http: pt.wiktionary.org
http: pt.wiktionary.org
REFERÊNCIAS:
GOMES, Ângela de Castro. Ministério do Trabalho: uma história vivida e contada (Coordenadora). - Rio de Janeiro: CPDOC , 2007.
LOPREATO, Cristina da Silva Roquette. A Semana Trágica; A Greve Geral Anarquista de 1917.São Paulo,1997
LOPREATO, Cristina da Silva Roquette. A Semana Trágica; A Greve Geral Anarquista de 1917.São Paulo,1997
MATOS MENDES, Mauricio. Experiência anarquista no Brasil. algumas anotações sobre as greves de 1917 e suas repercussões na câmara dos deputados. In:E-legis, Brasília, n. 5, p. 31-46, 2º semestre 2010, ISSN 2175.0688 45
Fontes eletrônicas:
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